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Mercado de grãos: panorama de soja e milho no Brasil

POR Roberta Marchioti, 15 SET, 2025
15 SET

SOJA – Recordes, recuperação e desafios globais

 Cenário global

  • A produção mundial de soja segue em expansão: a estimativa para 2025/26 é de 427,7 milhões de toneladas, o maior volume da história, com estoques finais globais também em patamar recorde.
  • Apesar disso, a relação estoque/consumo deve recuar ligeiramente para 29,7%, sinalizando aumento da demanda, puxada pelo processamento industrial e pelo setor de biocombustíveis.

 Estados Unidos

  • Mesmo com redução de área plantada (-4,1%), a produtividade maior deve manter a produção praticamente estável, próxima a 118 milhões de toneladas.
  • As condições de clima e umidade têm sido favoráveis. Porém, as vendas da nova safra seguem lentas devido às tensões comerciais e aos preços relativamente baixos.

 Brasil: liderança consolidada

  • O Brasil deve quebrar mais um recorde de produção em 2025/26, atingindo 182,9 milhões de toneladas, um avanço de 5% em relação ao ciclo anterior.
  • A área plantada terá seu 19º aumento anual consecutivo, chegando a 49,1 milhões de hectares (+2%).
  • A produtividade nacional média pode alcançar 3.722 kg/ha, puxada pela recuperação expressiva no Rio Grande do Sul (+50% YoY).

 Exportações e mercado

  • As exportações brasileiras devem atingir 112 milhões de toneladas em 2024/25 (+15% YoY) e podem chegar a 118 mi t em 2025/26.
  • Os prêmios de exportação seguem positivos, mesmo durante a colheita, e o dólar se mantém em patamar favorável à exportação (R$ 5,51 em média em julho).
  • A China absorveu 85% dos embarques brasileiros entre fevereiro e junho, reforçando sua dependência do produto nacional.
  • A comercialização da safra 2024/25 chegou a 74,3% em julho, o que representa mais de 128 milhões de toneladas já vendidas — recorde absoluto.

 

 MILHO – Pressão de oferta, queda de preços e incertezas para a próxima safra

 Clima e colheita

  • Julho foi seco na maior parte do Brasil, favorecendo a colheita do milho safrinha, que chegou a 56,4% da área colhida no Centro-Sul até o fim do mês.
  • Embora inferior ao ritmo de 2024, o avanço da colheita tem sido eficiente, com poucas interrupções climáticas relevantes.

 Preços e mercado internacional

  • Os preços internacionais do milho caíram na Bolsa de Chicago, pressionados pela boa safra norte-americana e pela grande oferta global.
  • O USDA prevê uma produção mundial de 1,2 bilhão de toneladas em 2025/26, mantendo a tendência de superávit e estoques confortáveis.

Mercado brasileiro

  • No Brasil, os preços internos continuam pressionados pela forte oferta, e a competitividade do milho importado é baixa, com margens negativas.
  • A produção estimada para 2024/25 é elevada, o que mantém os estoques em alta e limita reações dos preços internos.
  • As exportações brasileiras de milho ainda enfrentam forte concorrência com os EUA e Ucrânia, mesmo com o real em patamar atrativo.

 Perspectivas e desafios

  • A decisão sobre o tamanho da área de milho verão em 2025/26 dependerá fortemente das chuvas de setembro e outubro.
  • Os produtores seguem cautelosos, uma vez que o milho compete com culturas como a soja em áreas de primeira safra.

 

Conclusão

O Brasil encerra o ciclo 2024/25 com força total no setor de soja, liderando globalmente em produção, exportação e competitividade. Já o milho enfrenta um cenário mais desafiador, com pressão de oferta e margens mais apertadas, exigindo cautela dos produtores na tomada de decisões para a próxima temporada. A atenção agora se volta ao clima da primavera e às estratégias de comercialização da nova safra. Fonte e dados da Datagro.